WILSON AFONSO
Advogado em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil, onde reside.
Publicou, em 1978, um livro em verso e prosa, Os Poemeses.
Nasceu em Bagé, tinha 52 anos quando participou da Revista de Poesia e Crítica, em 1987.
REVISTA DE POESIA E CRÍTICA. N. 12 - Brasília, maio 1987*. Diretor Responsável: José Jézer de Oliveira.
* Esta data aparece como uma errata, mas no exemplar impresso aparece Dezembro 1986. Ex. bibl. Antonio Miranda
PARTILHA
Entre o reboco e a tinta
permanece
o sonho esquecido,
o som esquecido,
o som de antigas vozes.
No chão, o sal
de alguma gota de lágrima
perdida.
No teto,
uma fração de canto,
outra de riso...
(Quem disto se lembrará
na hora da partilha?
Agora
a casa onde moraste
é em ti que mora.
NOTURNO DAS MOÇAS TRISTES
Vagas meninas da noite
qual o vosso pensamento?
Que loucas coisas pensais
na hora dos fingimentos?
Na negra luz que ilumina
vossos olhos folgados
dos ilusórios salões,
que tontas coisas quereis
do tempo que vos desfaz?
(São sempre as mesmas palavras
no baile que se repete
para os vossos pés cansados
de tantas danças banais).
CONFISSÃO
Não, a morte não me assusta.
O que me assusta, é morrer.
Assusta-me o transe
na queda para o nada.
Sim, a morte não me assusta.
O que me assusta, é partir.
Assusta-me a gelidez
do túnel sem chegada.
A morte não me assusta.
Estar morto
é não estar,
nunca ter sido.
Assusta-me morrer:
a precisa fração
entre ser
e não ser.
*
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Página publicada em maio de 2021
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